terça-feira, 9 de junho de 2020

O TEMPO DA CIÊNCIA NÃO É O TEMPO DA CRISE


A fala de ontem da infectologista Maria Van Kerkhove, chefe do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), acabou gerando uma repercussão negativa nas redes sociais por supostamente contradizer aquilo que a entidade vinha alertando desde o início da pandemia do novo Coronavírus. 

Acontece que o problema em si não está na fala de Maria, que durante entrevista no último dia 8 de junho disse que a transmissão do vírus por pessoas assintomáticas seria "rara". O que deu início a uma avalanche de críticas e levou a entidade a se explicar um dia depois.

Infectologista Maria Van Kerkhove –  Foto: Reprodução/OMS
O problema é que, de maneira geral, o grande público não está habituado a acompanhar o noticiário
científico, algo que se tornou literalmente questão de vida ou morte neste momento, e por isso espera das publicações especializadas e entidades acadêmicas a mesma precisão que está acostumado a ver nas publicações de outras editorias.

O fato é que a ciência não segue o tempo da crise e por isso, usualmente apresenta análises e estudos que podem ser contraditórios ente si, o que também faz parte do jogo. Por isso, quem agora acompanha o noticiário cientifico deve saber que para ser corroborada ou refutada uma tese, um medicamento ou uma vacina, por exemplo, passa por um longo processo de análise.

São feitos estudos, artigos são publicados, a comunidade científica debate a eficácia ou a ineficiência da metodologia utilizada e, por fim, a questão é refutada ou corroborada. O que acontece hoje com a Cloroquina é um bom exemplo disso.

Eu sei que agora todos temos pressa, mas o problema não é a fala da infectologista, mas a incapacidade da impressa de explicar para o público como funcionam as etapas de um processo científico e que o tempo da ciência não é o mesmo tempo da crise.  

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