quarta-feira, 24 de junho de 2020

O CULTO A IGNORÂNCIA E O ERRO DE LER COMENTÁRIOS


Num passado não muito distante talvez fosse difícil para qualquer pessoa razoável imaginar que alguém teria a coragem de usar a burrice para justificar uma opinião ou posicionamento político sobre um tema, só que agora isso se tornou algo comum.


Na disputa ideológica entre esquerda e direita, egos e narrativas, a coisa mais autodestrutiva que alguém pode fazer nas redes sociais é parar e ler os comentários. Eu recentemente fiz isso e posso afirmar que não é fácil ver como a ignorância virou motivo de orgulho para um certo grupo de pessoas.


Fonte: Ilustração Pinterest
Por causa do seu projeto de combate à fake news, eu fui buscar na página da deputada paulista Tabata Amaral, algumas informações sobre o PL da “ Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet", criado por ela em conjunto com o deputado Felipe Rigoni e o senador Alessandro Vieira.


Não quero aqui abordar o projeto em si, mas quero falar sobre como, mesmo sem saber do que estão falando, pessoas fazem questão de ir às redes sociais para “opinar” sobre algo que elas mesmas admitem não saber. Ou seja, ao dar uma opinião, a própria pessoa descredibiliza a sua fala.  


Das dezenas de comentários que acabei lendo em uma publicação sobre o projeto feita pela deputada Tabada, chamou minha atenção um sujeito que, nas palavras dele: “não tinha lido o projeto e mesmo assim não concordava”.


Xingamentos à parte (e li muitos nesse post), como no exemplo acima, se destacava no meio dos comentários aquilo que o economista e vencedor do prêmio Nobel Paul Krugman classificou de “praga da ignorância deliberada”, ou seja, pessoas que visivelmente estavam ali não para buscar o entendimento do assunto debatido, mas para fazer com que as pessoas que queriam isso fossem desestimuladas a fazê-lo.


Teorias da conspiração à parte, esses grupos parecem ter se organizado, como pessoas físicas (diferentes dos bots que são comuns no ambiente virtual), para propagar uma ação orquestrada de fomento ao “anti-intelectualismo”, ao “achismo” e ao descrédito à ciência e a educação.


Como eu já disse, num passado não muito distante, talvez fosse difícil para qualquer pessoa razoável imaginar que alguém teria a coragem de usar a sua burrice para justificar uma opinião ou posicionamento político sobre algo. Agora, a realidade já não é mais essa.


A internet veio para colocar um holofote sobre esse problema e cabe a todos nós lutarmos para não deixar esse pequeno grupo tomar para si o protagonismo dos assuntos relevantes para nossa sociedade, pois, tanto quanto o futuro do país, a nossa sanidade também depende disso.


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