Num passado não muito distante
talvez fosse difícil para qualquer pessoa razoável imaginar que alguém teria a
coragem de usar a burrice para justificar uma opinião ou posicionamento
político sobre um tema, só que agora isso se tornou algo comum.
Na disputa ideológica entre
esquerda e direita, egos e narrativas, a coisa mais autodestrutiva que alguém
pode fazer nas redes sociais é parar e ler os comentários. Eu recentemente fiz
isso e posso afirmar que não é fácil ver como a ignorância virou motivo de
orgulho para um certo grupo de pessoas.
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Fonte: Ilustração Pinterest |
Por causa do seu projeto de
combate à fake news, eu fui buscar na página da deputada paulista Tabata
Amaral, algumas informações sobre o PL da “ Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet", criado por ela em conjunto com o deputado
Felipe Rigoni e o senador Alessandro Vieira.
Não quero aqui abordar o projeto em
si, mas quero falar sobre como, mesmo sem saber do que estão falando, pessoas fazem
questão de ir às redes sociais para “opinar” sobre algo que elas mesmas admitem
não saber. Ou seja, ao dar uma opinião, a própria pessoa descredibiliza a sua
fala.
Das dezenas de comentários que
acabei lendo em uma publicação sobre o projeto feita pela deputada Tabada, chamou
minha atenção um sujeito que, nas palavras dele: “não tinha lido o projeto e
mesmo assim não concordava”.
Xingamentos à parte (e li muitos
nesse post), como no exemplo acima, se destacava no meio dos comentários aquilo
que o economista e vencedor do prêmio Nobel Paul Krugman classificou de “praga da ignorância deliberada”, ou seja, pessoas que visivelmente estavam ali não para
buscar o entendimento do assunto debatido, mas para fazer com que as pessoas
que queriam isso fossem desestimuladas a fazê-lo.
Teorias da conspiração à parte,
esses grupos parecem ter se organizado, como pessoas físicas (diferentes dos
bots que são comuns no ambiente virtual), para propagar uma ação orquestrada de
fomento ao “anti-intelectualismo”, ao “achismo” e ao descrédito à ciência e a
educação.
Como eu já disse, num passado não
muito distante, talvez fosse difícil para qualquer pessoa razoável imaginar que
alguém teria a coragem de usar a sua burrice para justificar uma opinião ou
posicionamento político sobre algo. Agora, a realidade já não é mais essa.
A internet veio para colocar um
holofote sobre esse problema e cabe a todos nós lutarmos para não deixar esse
pequeno grupo tomar para si o protagonismo dos assuntos relevantes para nossa
sociedade, pois, tanto quanto o futuro do país, a nossa sanidade também depende
disso.
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