Quase
negros
Um dos diversos mistérios
que rodam a nossa existência humana, é essa incansável sensação que temos que
falta alguma coisa em nossas vidas, sempre falta algo, nunca estamos
satisfeitos, buscamos sempre alguma coisa e muitas vezes nem sabemos o que é, o
que tanto faz falta, talvez seja uma maldição jogada por Deus ou simplesmente
um desejo, fato é que todos temos essa impressão.
O titulo do livro “ Quase
negros ”, levanta um dúvida logo de cara e depois é explicada logo no inicio do
livro. Os olhos de Adão, são tão azuis que são quase negros, uma citação
semelhante encontramos na obra de Machado de Assis “ Dom Casmurro”, quando o autor
fala dos olhos de Capitu. Também se senti a influência de outros autores na
obra, quando o criador apresenta cada personagem, ele faz isso com uma destreza
e habilidades, traçando um perfil semelhante a Franz Kafka, eu notei também uma
agilidade natural e quase irônica no modo como ele conta a história, típicas do
Saramago (claro que com mais pontos finais e travessões), outro autor que
também senti na história foi Castro Alves, na forma poética como ele conta a
história.
A obra é um romance sem
preconceitos e livre de moralismos, atual, mas ao mesmo tempo antigo, mostra
que a atração física não tem idade e todos estão submissos a certos desejos
naturais. O Autor nos mostra personagens reais com medos e angustias naturais, pessoas que
buscam o autoconhecimento, talvez seja mais fácil conhecer outras pessoas e
lugares do que conhecer a si próprio.
Adão é alguém que busca o
seu lugar no mundo, alguém que já sofreu por amor e já fez padecer também. A
tristeza que a personagem senti quando percebe que já não pode mais viver o seu
amor, é comovente e humanizada a figura dramática. Ele decide pelo mais fácil
que é fugir e não sentir mais nada, escapar do mundo e acima tudo, de si mesmo.
Grande livro, cativante,
sensível, poético, ótima leitura, essas foram às impressões que tive sobre a
obra.
Autor: Marcos Alexandre Capellari
2° edição, editora Humanas
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