Com conhecimentos adquiridos da
Capoeira Angola e Batuque (especial de luta-livre comum na Bahia do século XIX),
“Mestre Bimba”, Manoel dos Reis Machado (1899-1974) pode criar o estilo
“Capoeira Regional” por meados de 1928, a integrando como manifestação cultural
baiana. Mestre Bimba era conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues e
um praticante frequente da Capoeira Angola. O mestre capoeirista alterou alguns
movimentos típicos da Capoeira para remover uma imagem que lembrasse a origem
marginalizada do estilo, eliminando a malícia da postura corporal, inovou
idealizando e aplicando em seus discípulos capoeiristas um código de ética
rigoroso que atribuía até mesmo a higiene como exigência. Estabeleceu o uso de
uniformes brancos e se interessava fortemente pelo bom desempenho escolar e
atividades trabalhistas, no sentido de os alunos estarem empregados para,
portanto poderem treinar junto ao seu mestre.
A Capoeira Regional possui
algumas características específicas, dentre elas existem o exame de admissão,
que basicamente se resume em três exercícios simples: a cocorinha, queda de
rins e a ponte, com a intenção de verificar a flexibilidade, força e equilíbrio
do principiante. Logo em seguida, o aluno aprendia a gingar juntamente com o
auxílio do mestre.
A segunda característica era a
sequência de ensino do Mestre Bimba - se baseava em uma metodologia jamais
utilizada, sendo assim a pioneira em métodos de aprendizagem da capoeira, que
se era representada por uma sequência lógica de movimentos de ataque, defesa e
contra-ataque. A série original completa possui 17 golpes, cada aluno executa
154 movimentos e a dupla 308, permitindo que os iniciantes desenvolvam o
condicionamento físico e habilidades motoras específicas de capoeiristas.
A cintura desprezada são golpes
em sequências e balões conhecidos como movimentos de projeção da capoeira. Os
golpes que integram o conjunto são chamados de Aú Balão de lado, Tesoura de
costas, Balão cinturado, Apanhada e Gravata alta. Um momento de grande
significado para os alunos capoeiristas é o batizado, pois os iniciantes se
tornavam aptos para jogar pela primeira vez na roda.
O Esquenta Banho é uma prática
que nasceu da necessidade de os alunos se manterem aquecidos. Após o treino,
cada aluno podia tomar um banho, contudo o banheiro da academia era pequeno e
isto gerava filas numerosas. Para aproveitarem e manterem o corpo aquecido, os discípulos
realizavam pequenos desafios entre si, chamados de Arranca Rabo ou Bumba Meu
Boi. Ali testavam suas capacidades, geralmente os formados mais velhos.
A formatura era o momento que se
mostrava muito especial para o mestre e seus alunos, um ritual com direito a
Paraninfo, Madrinha, Orador e Medalhas, se encerrando com uma grande festa
realizada no Sitio Caruano no nordeste de Amaralina.
A Luna é uma marca forte da
Capoeira Regional de Mestre Bimba, um toque de Berimbau criado por ele que era
apenas tocado em eventos especiais e no final das aulas. Toque que só os alunos
formados tinham acesso à roda para executarem um “Jogo de Floreio” criativo,
bonito, curtido, malicioso e com movimentos de projeção.
Por fim havia um curso de especialização
tido como secreto que permitia apenas alunos formados pelo Mestre Bimba, com o
objetivo de aprimorar a capoeira. As músicas geralmente eram toques de berimbau,
São Bento Grande, Santa Maria, Banguela, Amazonas, Cavalaria, Idalina, Luna ,
Quadras – que são pequenas ladainhas com versos de 4 a 6 linhas e o Corrido, cantigas
com frases curtas que é repetida pelo coro. A Capoeira Regional possui como
marca e identidade golpes bem definidos, pernas esticadas, movimentos amplos,
jogo alto e objetivo.
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