segunda-feira, 1 de abril de 2013

Crônica: Nunca é sempre muito tempo


Engraçado como as pessoas usam com tanta frequência a palavra NUNCA. Essas cinco letrinhas são um perigo, principalmente quando fazem menção a uma “Certeza” futura.
Acho que assim como tantos outros, esse termo deveria ser classificado como arsenal de guerra, mas ou invés disso, essa ameaça passou a ser mais uma vírgula no cotidiano de muita gente.
Curioso como nós usamos de forma imprudente e, até certo ponto, de maneira leviana esse e outros tantos verbetes comprometedores.
Foto: euamobrincar.com.br

“Eu nunca disse que a África era um lugar amaldiçoado”, afirmou, com uma convicção invejável, o pastor Marcos Feliciano quando, no dia anterior, jornais estamparam em suas capas os twitters publicados pelo próprio religioso/deputado apontando que a história não era bem assim. Culpa da internet e da sua absoluta e indiscriminada reminiscência.
Numa certa ocasião, eu vi na TV, o ex-governador de São Paulo, José Serra, dizer. “Eu nunca vou deixar de apoiar as decisões do meu partido, quanto à escolha para candidatura a presidência”, e olha aí o danado ameaçando boicotar o mineirinho, que não come tão quieto, Aécio Neves. Tudo porque Serra, recalcado, não é mais o menino prodígio da Batcaverna tucana.
Não que eu esteja recriminando esses dois, eu também já disse para aquela pessoa que agora eu não lembro o nome, que jamais há esqueceria. E não é que agora, alguns anos depois, eu nem me lembro aonde mora essa fulana de olhos verdes.
Pois é querida leitora, eu sei que até mesmo você, que nesse momento parou para prestigiar essas humildes linhas, quantas e quantas vezes não se pôs a pensar: Eu nunca iria ao shopping Higienópolis para pagar R$1000,00 numa blusinha de lã com detalhes em fuxico sendo que eu compro uma igual por R$19,90  no descontão da loja Marisa.
Foto: kidimagens.com
E você caro leitor, que pensou enquanto encarava o volumoso decote daquela vendedora que estava estrategicamente posicionada ao seu lado em frente à vitrine da loja de celulares: Eu nunca vou pagar R$2000,00 em um aparelho que daqui a um mês, vai estar ultrapassado (esse exemplo pode ser usado para qualquer outro produto haja vista o decote da vendedora) e hoje, seis meses e muitos atrasos depois, se coloca em prantos deitado sobre as pilhas de carnês da Louis Vuitton (acho que é assim que se escreve) e dos enormes boletos das Casas Bahia pensando: Eu nunca mais vou fazer isso. Enquanto, por outro lado, numa catarse neural pensa: Eu nunca vou conseguir tirar meu nome do SPC.
Pois é meu amigo, cuidado com o que se diz por que você quase nunca consegue cumprir e, quase sempre, se arrepende disso.
Nunca é sempre muito tempo e o tempo, quase nunca, é bom com os profetas, pois eu aposto que se Nostradamus estivesse vivo hoje nunca teria dito tanta bobagem.

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