domingo, 2 de dezembro de 2012

Encontro com um fim

Foto: http://ribeirosamar.blogspot.com.br/2010/10/rosa-azul.html

Precisei morrer para entender o que é a vida
Todas as formas de luz que vivi, apenas refletiram a minha escuridão
Um poeta morto é como viver num eterno crepúsculo da alma.
A vida passa e os sentidos perdem os tons da beleza dos seres, das artes, das paixões, do eu.
O homem, sempre egoísta, pede a outros o amor que nunca saiu do seu olhar
Roga a alma, o brilho que deveria irradiar das suas próprias palavras.
O poeta, morto como é, rouba de sua amiga o suor que deveria ser seu, o sabor que há muito sua própria boca não produz
Pede sentido de tudo, para que continue a ser poeta.
Triste é ser morto sem nunca ter buscado
É não ter paixão em si
É nunca ter bebido do cálice da vida e, mesmo assim, não saber disso.
Quero que entendas, hoje, apenas nesse instante, ao deitar sob o bojo do meu eu, vejo que a Morte, muito honrada, não me puniu.
Ao não mais poder abrir os olhos a cada novo amanhecer, fui libertado, purificado.
Talvez no teu regaço, nunca mais poderei deixar minha alma poeta se martirizar
Foi preciso morrer para entender que a eterna liberdade que busco, sem o devido óbito do meu ego, não seria alcançada.
Todas as expressões outrora construídas, no presente, não me dizem nada
Por não ter mais vida no meu peito, entendo que há muito minha alma jazia sem sol
Sempre a procura, hoje sabe que ninguém jamais encontrou. 
Por isso, seu nome, nunca pude pronunciar
Ser tolo não é perder o que tem.
A tolice do homem é não abrir os olhos da alma e assim, ver o que realmente precisa buscar
Fui meu próprio ceifador 
Da carne, do sangue, da prece, dos justos e injustos suguei a essência
Mortal, foi saber que do poeta nunca pude tirar o ar da vida e na vida, mera anfitriã, nunca soube me fazer eterno.


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